domingo, 28 de novembro de 2010

Ela: — Aconteceu alguma coisa? Você está me deixando assustada me olhando assim.
Ele: — Me diz uma coisa: eu estou confundindo tudo?
Ela: — Como assim?
Ele: — Não estou mais cabendo na minha casa. No meu corpo, nos meus pensamentos. Perdi minha paz, minha concentração. Perdi a fome, o sono, a calma. Preciso me livrar dessa angústia pra voltar a viver. Preciso saber se estou acompanhado ou sozinho nessa, se é uma ilusão, um delírio, se eu inventei essa história toda pra mim.
Ela: —(silencio)
Ele: — Escuta. Só escuta. Ainda que isso não dê em nada, já valeu por tudo que experimentei assim, na solidão dos meus desejos, dos meus pensamentos. Você sabe do que estou falando, não sabe?
Ela: - sim …
Ele: — E tudo isso que eu sinto fica preso assim, por um fio de esperança, que vem de cada encontro que eu tenho com você, de cada vez que sinto seu cheiro, que vejo seu sorriso. Mas, eu preciso me libertar disso. Preciso me livrar dessa angústia que me mata. Ainda que eu sofra a vida inteira desse sentimento, que tem sido meu bem e meu mal também. Vim aqui porque preciso muito te dizer…
Ela se antecipa e os dois falam juntos.
— Eu te amo.

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